A China é, actualmente, o maior credor de Angola, ao abrigo de várias linhas de crédito abertas pelo Governo de Pequim, através de bancos estatais, e para reforçar a cooperação bilateral, o Presidente Xi Jinping convidou o homólogo angolano, João Lourenço, para uma visita oficial de três dias, a ter início amanhã, com uma agenda intensa.
No primeiro dia da actividade, o estadista angolano vai estar com Xi Jinping. Seguem-se encontros com o Primeiro-Ministro, Li Qiang, e o presidente do Parlamento, Zhao Leji.
Tal como reforçou Luís Fernando, secretário para a Imprensa do Presidente da República, os dois estadistas vão analisar a “estratégia futura das relações bilaterais”.
Nesta segunda visita oficial a Pequim, João Lourenço vai, igualmente, participar num fórum de negócios sobre investimento em Angola e conversar com empresários chineses, incluindo os que já actuam no mercado nacional.
A delegação presidencial tem previstas deslocações à província de Shandong para contactos com sectores da Indústria Têxtil, Farmacêutica e Agrícola, num momento em que os dados disponíveis apontam que, até 2019, a dívida angolana era calculada em cerca de 23 mil milhões de dólares e o pagamento é feito com a venda de petróleo.
Maior parceiro em África
Desde 2007, Angola é o maior parceiro comercial da China em África, com um volume de negócios que registou, só em 2010, um total de 24,8 mil milhões de dólares.
Dez anos mais tarde, o valor das trocas comerciais com a China ascendeu os 61 por cento. Isto é, para 5,55 mil milhões de dólares. Em 2018, ano em que o Presidente João Lourenço esteve em Pequim, a China aprovou uma nova linha de financiamento de dois mil milhões de dólares.
Esta parceria assenta na igualdade e benefícios mutuamente vantajosos e, além de contribuir para o desenvolvimento dos dois países, tem estado a ajudar no estabelecimento de uma nova ordem política e económica internacional e promover a democratização das relações internacionais.
Em Angola, a China opera nos mais variados domínios da vida económica e social do país, com forte presença nas áreas de formação de quadros, tendo sido fundamental na construção e apetrechamento do Centro Integrado de Formação Tecnológica (CINFOTEC), na província do Huambo, e da Academia Diplomática Venâncio de Moura, em Luanda, e bolsas de estudo para jovens angolanos.
As relações entre Angola e a China datam de 1983 e conheceram o ponto mais alto a partir de 2000, quando a gigante asiático começou a fazer empréstimos ao país para a reconstrução de infra-estruturas destruídas pela guerra e para alavancar a economia nacional.
Objectivo alcançado
Em Outubro de 2018, na primeira visita de Estado João Lourenço conseguiu atingir um dos objectivos que o levou à China: o financiamento, já que, na altura, o Banco de Desenvolvimento da China concedeu um novo empréstimo ao país de dois mil milhões de dólares.
Embora tenha sido a primeira visita de Estado do Presidente angolano à China, João Lourenço esteve um mês antes em Pequim, mas no Fórum de Cooperação China-África.
No final de 2017, Angola devia à China mais de 20 mil milhões de dólares, o equivalente a mais de 60% de toda a dívida externa do país.
Uma das “vitórias” alcançadas nas relações bilaterais foi a assinatura de um acordo de promoção e protecção recíproca de investimentos e outro para eliminar a dupla tributação e prevenir a fraude e a evasão fiscal.
Sendo a China o maior parceiro comercial de Angola, analistas económicos e políticos, de ambos os países, consideram que a compra de petróleo angolano faz com que o país seja o segundo maior parceiro africano, atrás apenas da África do Sul.
Ainda em Outubro de 2018, no encontro entre os dois estadistas, João Lourenço manifestou a Xi Jinping o desejo de ver aumentado o investimento directo de empresas chineses na produção no país de bens de amplo consumo.
Na altura, o Presidente angolano adiantou, também, que o investimento poderia ser feito através do estabelecimento de parcerias “mutuamente vantajosas” com empresários nacionais, na partilha de tecnologia e de conhecimento científico e na formação de quadros.
Para assegurar o êxito dos programas bilaterais de cooperação, João Lourenço defendeu o estabelecimento de “mecanismos práticos que possibilitem o acesso aos recursos financeiros necessários para o sucesso das medidas de políticas estabelecidas pelas nações africanas”.
Na época, o Chefe de Estado angolano considerou, igualmente, “necessário” que as instituições bancárias africanas e da China desempenhem um papel importante, “com o objectivo de tornarem real a vontade política de ambos os lados” em proporcionar os recursos e desenvolver projectos que garantam um desenvolvimento que se revele “mutuamente vantajoso”.
Movimentos diplomáticos
Um dia depois de Luanda ter anunciado, oficialmente, a deslocação do Presidente da República a Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, informou, terça-feira, à imprensa, que João Lourenço se encontrará com o líder chinês, Xi Jinping, o Primeiro-Ministro do país, Li Qiang, e o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji, além de visitar a província de Shandong, no Leste do país.
Os órgãos de comunicação social destacaram o facto de o Presidente angolano ser recebido pelos principais líderes chineses, bem como a deslocação de João Lourenço e a comitiva que o acompanha a Shandong.
Wang Wenbin é citado por lembrar que, no ano passado, a China e Angola celebraram o 40º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
Actualmente, as relações bilaterais mantêm um bom desenvolvimento, a confiança política mútua continua a ser aprofundada e as relações pragmáticas de cooperação são frutíferas e benéficas para os dois povos.
O porta-voz, segundo a agência noticiosa pública Xinhua, disse acreditar que a visita do Presidente João Lourenço vai injectar ainda mais força motriz às relações sino-angolanas.
SECTOR PETROLÍFERO
País apresenta em Pequim oportunidades de negócio
Angola vai apresentar as oportunidades de negócios na Conferência de Minas, Petróleo e Gás, prevista para sábado, na cidade de Pequim (China), numa actividade inserida na visita oficial de três dias do Presidente da República, João Lourenço, ao gigante asiático.
À semelhança do sector Mineiro, segundo o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, as oportunidades de negócios em toda a cadeia do petróleo e gás angolanos vão ser, igualmente, mostrados aos chineses, na Conferência de Minas e Petróleo, do próximo sábado, em Pequim.
Na capital chinesa, a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANPG) vai mostrar aos empresários chineses e outros o ambiente de negócios e competitividade em Angola, os blocos petrolíferos em regime de oferta permanente e as infra-estruturas para o desenvolvimento de blocos no onshore.
Na mesma ocasião, o Instituto Regulador de Derivados de Petróleo (IRDP) vai falar sobre as oportunidades de investimentos no segmento Downstream e o Guia de Investimentos no segmento Downstream.
A Sonangol, empresa pública de hidrocarbonetos, vai mostrar o que existe no Upstream (exploração e produção), oportunidades no Midstream, com destaque para a Refinaria do Lobito, Petroquímica e fábrica de fertilizantes, assim como no Downstream, realçando-se o Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD), destinado ao armazenamento de derivados de petróleo.
Esta sessão será aberta pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, que lidera a delegação do sector mineiro e petrolífero.
FÓRUM DE NEGÓCIOS
Investimento em Angola no centro das atenções
Durante a visita oficial do Presidente da República, João Lourenço, à China as atenções, também, estão voltadas para o Fórum de Negócios do próximo sábado, em Pequim, dedicado ao tema “Investimento em Angola”.
De acordo com o secretário de Imprensa da Presidência da República, Luís Fernando, o vasto programa que João Lourenço cumprirá em terras chinesas consta ainda a participação num fórum de negócios, onde o tema investimento em Angola estará no centro dos debates. Destacam-se, igualmente, as audiências que o estadista angolano concederá a empresários chineses que já actuam no mercado nacional ou o queiram fazer futuramente.
Ao nível do sector mineiro, segundo o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, vai ser assinado um Memorando de Entendimento Estratégico entre o IGEO e a Jiangxi Bureau of Geology da China, a anteceder o discurso de abertura a ser proferido pelo titular da pasta Diamantino Azevedo, seguindo-se a exibição do “Potencial Geológico-Mineiro, Oportunidades de Investimentos e Serviços Mineiros, assim como Facilidades Legais"”, tema a ser apresentado pelo director nacional de Minas, Paulo Tanganha.
O director de Geologia da Endiama, Rogério Guimarães, vai mostrar aos empresários chineses os projectos diamantíferos (greenfield e brownfield) que demandam investimento/financiamento e/ou parcerias financeiras, assim como “oportunidades de negócios em corte e polimento de diamante bruto”.