Pelo menos dez casos de abusos sexuais a menores são registados, semanalmente, em todo o país, pelos serviços do Instituto Nacional da Criança, revelou, ontem(09/9), o director-geral daquele órgão do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher.
Paulo Kalesi realçou que esse registo chegado ao INAC pode não reflectir a realidade do número de acontecimentos do género, uma vez acreditar na existência de casos de abusos sexuais a crianças que não são relatados pelas famílias desses menores.
“Ainda tem muitos casos que não são denunciados, tendo em conta que os relatos apontam que os abusos, às vezes, têm sido protagonizados por pessoas próximas das vítimas”, explicou o director-geral do INAC.
Paulo Kalesi avançou que o INAC e parceiros estão a desenvolver um programa para se ter uma dimensão real da problemática do abuso sexual no país.Enquanto isso, referiu que, desde a entrada em funcionamento da linha telefónica 15015 – “SOS Criança”, em Junho de 2020, o INAC já recebeu e registou mais de três mil casos de violência sexual contra menores.
Paulo Kalesi avançou que, em função dessas denúncias, em Março deste ano, a instituição iniciou uma Campanha Nacional de Prevenção e Combate da Violência contra a Criança, que tem estado a ajudar na obtenção de informações e denúncia dos supostos violadores.
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Nesta perspectiva, o director-geral avançou que, hoje, as famílias estão mais atentas e lidam melhor com os casos de abuso sexual, daí denunciarem mais, por já terem noção de se tratar de um crime e não de um problema de família.
“É preciso denunciar esses elementos que abusam das nossas crianças, mesmo que sejam membros da família. Eles têm de ser retirados do convívio familiar, para que os órgãos competentes tomem conta desse indivíduo, assim como a criança vitimada e a família precisam de apoio psicológico”, exortou.
Por exemplo, o director-geral revelou, que durante o mês passado foram registados cerca de 50 casos de violência sexual contra a criança e 40 por cento desses registos foram cometidos no seio familiar e 30% resultaram em gravidezes.
“Esta é uma situação muito preocupante, por aglomerar pessoas que seriam a reserva moral da sociedade e da família e protectoras das crianças. É inconcebível que essas práticas, também, envolvam o pai, avô ou tio!”, queixou-se Paulo Kalesi.
O director-geral do INAC denunciou que, nessas situações, muitas vezes, as crianças são ameaçadas para não abordar o abuso com outras pessoas fora de casa, acto reprovado por Paulo Kalesi, por considerar que esses casos contribuem para a desarticulação familiar.