O antigo ditador do Chade, Hissène Habré, cujo regime foi acusado de matar dezenas de milhares de pessoas, e o primeiro ex-chefe de Estado africano condenado por crimes contra a humanidade, morreu hoje, aos 79 anos, após ter contraído covid-19.
O ex-chefe de Estado do Chade foi condenado por um tribunal africano após ter passado décadas num exílio luxuoso no Senegal – onde se encontrava agora -, num caso que ilustrou, durante anos, a relutância da África em julgar os seus déspotas.
Num comunicado divulgado poucas horas antes de ser conhecido a morte de Hissène Habré, num hospital em Dacar, a sua mulher tinha confirmado que o antigo presidente tinha contraído covid-19, mas que se encontrava “consciente” e a ser observador por médicos.
“Após tomar conhecimento esta manhã do repentino falecimento do ex-presidente Hissène Habré, envio os meus mais sinceros pêsames à sua família e ao povo chadiano. A Deus pertencemos e a ele regressamos“, declarou, na sua conta na rede social Facebook, o Presidente do Chade, Mahamat Idriss Deby Itno.
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Hissène Habré foi condenado em 2016 a prisão perpétua, na sequência do julgamento por acusações ligadas ao tempo em que esteve no poder no Chade, de 1982 a 1990, mas cumpriu apenas cerca de cinco anos de prisão.
Os ativistas dos direitos humanos dizem que o Chade era um Estado impiedoso, de partido único, sob o domínio do presidente e com um temível serviço de segurança, liderado por membros do grupo étnico de Habré, os Gonare, que foram colocados em cada aldeia, documentando até as mais ligeiras transgressões contra o regime.
A lista de ofensas merecedoras de prisão incluía falar mal de Hissene Habre, ouvir estações de rádio “inimigas” ou “realizar rituais de magia para ajudar o inimigo, de acordo com uma comissão da verdade, nomeada pouco depois de o antigo chefe de Estado do Chade ter caído do poder.
A comissão concluiu que o governo de Hissene Habre foi responsável por 40.000 assassinatos.