O Hospital Geral de Benguela (HGB) conta, desde esta quarta-feira, com um centro de hemodiálise com tecnologia de ponta e capacidade para atender 354 pacientes renais.
Inaugurado pela ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta, fruto de um investimento público de seis milhões de dólares, em obras de reabilitação e apetrechamento, o novo centro de hemodiálise da província de Benguela começou a funcionar com 48 técnicos, entre os quais médicos nefrologistas.
A unidade de saúde, cuja gestão foi confiada à empresa luso-angolano Acail, está implantada numa área de quase dois mil metros quadrados. Tem 59 monitores de hemodiálise, o que corresponde a uma capacidade total de atendimento para 354 pacientes com doença renal crónica, em três turnos diários.
Com nove salas para as sessões de diálise, com eficiência e comodidade, o centro de hemodiálise ainda possui equipamentos com tecnologia de ponta para realizar a “diálise peritoneal”, uma alternativa ao tratamento de substituição da função renal.
No leque de inovações, tem ainda salas para serologias positivas, num total de 15 monitores para tratamentos seguros, incluindo uma área para receber doentes com necessidade de isolamento respiratório, isto é, com tuberculose pulmonar ou Covid-19.
Completam a referida estrutura duas osmoses, igual número de centrais de produção de ácido concentrado, laboratório de análises clínicas e de electromedicina, sala de procedimentos médicos, consultórios médicos e uma farmácia.
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Por outro lado, foram realizadas obras de reabilitação no anterior serviço de Urologia, que já permite admitir pacientes de Nefrologia, num total de 18 camas, sendo quatro preparadas com monitores de hemodiálise.
Falando aos jornalistas, o presidente da Associação dos Doentes Renais das províncias de Benguela e do Cuanza Sul, Óscar Caldeira, diz-se satisfeito com a qualidade do atendimento médico e a pronta assistência medicamentosa para o bem-estar dos doentes.
“Aqui, as condições são melhores do que nos centros de hemodiálise do hospital municipal de Benguela e do Lobito”, notou, acrescentando que cem pacientes estão já a receber assistência médica na nova unidade e todos estão felizes com as condições.
Óscar Caldeira lembra os recorrentes problemas da falta de medicamentos nas antigas clínicas de hemodiálise e isso criava constrangimentos aos insuficientes renais, por isso concordaram com a transferência para as novas instalações.
O governador provincial de Benguela, Luís Nunes, os vice-governadores para as áreas Política, Social e Económica, e Serviços Técnicos e Infra-estruturas, respectivamente, Lídia Amaro e Adilson Gonçalves, presenciaram a inauguração do centro de hemodiálise, além de deputados e representantes da sociedade civil.
Aproximadamente dois mil doentes com insuficiência renal crónica ou aguda encontram-se, actualmente, em tratamento de diálise, afirmou a ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta.
Falando durante a inauguração do sexto centro público de hemodiálise do país, implantado no Hospital Geral de Benguela (HGB), Sílvia Lutukuta aponta a hipertensão arterial como primeira causa da insuficiência renal crónica, enquanto a aguda tem como factor principal a malária.
Dado o crescente aumento de pacientes que necessitam cada vez mais de serviços médicos especializados, incluindo a hemodiálise e nefrologia, o aumento da capacidade de resposta em todo o país, para reduzir as evacuações para o exterior, é a prioridade do Ministério da Saúde.
Segundo a ministra, num momento em que a insuficiência renal tem, tal como outras doenças crónicas não transmissíveis, causado um impacto negativo à vida das famílias e consequências económicas de relevo, é fundamental uma aposta maior na prevenção.
“A hemodiálise é um desafio nacional, com elevados custos financeiros para o Estado”, afirmou, reiterando que, por isso, está a ser implementado um programa integrado de prevenção e controlo da doença, acompanhado de centros de hemodiálise públicos, como o que acaba de ser inaugurado.
Daí ter avançado que a nova clínica de hemodiálise de Benguela é a sexta de um conjunto de centros públicos, que têm vindo a ser criados desde 2020 e, nomeadamente, nos hospitais – pediátrico de Luanda – e gerais do Lubango (Huíla), Moxico, Luanda e do Bié, sendo que a próxima unidade pode vir a ser instalada na província do Uíge.
Para Sílvia Lutukuta, o centro de Benguela, com serviços de Urologia e Nefrologia, apetrechados com tecnologia de ponta, reforça o serviço nacional de saúde na província e reafirma a saúde como pilar essencial para o desenvolvimento económico do país e para o bem-estar da população.
O modelo do centro de hemodiálise foi concebido para satisfazer o doente e a sua família, através de um ambiente acolhedor e seguro, assente na eficiência técnica e integração de cuidados contínuos da mais elevada qualidade e humanização.
A isto junta-se o facto de o centro oferecer também aos pacientes a diálise peritoneal, que permite tratamento em casa, sendo uma alternativa ao tratamento de substituição da função renal, como referiu.
Como o objectivo é reduzir a evacuação de doentes para o exterior do país, a ministra da Saúde afiança que o centro foi apetrechado com uma sala de procedimentos para implantação de cateteres de curta e de longa duração com recurso ao ecógrafo, devendo muito brevemente começar a construção de fístulas arterio-venosas.
Face ao aumento da incidência de doenças crónicas não transmissíveis, Lutukuta alerta: “a prevenção da doença renal deve incidir no controlo dos factores de risco mais frequentes no nosso país, como diabetes, hipertensão, os erros alimentares, a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo e o consumo de álcool“.
Com capacidade para atender 354 pacientes renais/dia, o Centro de Hemodiálise do Hospital Geral de Benguela, numa gestão privada a cargo do grupo luso-angolano Acail, custou aos cofres do Estado seis milhões de dólares norte-americanos em obras de reabilitação e apetrechamento.