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Cuba solicita apoio de Angola para actualizar modelo económico

O Presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, considerou, ontem, em Luanda, no quadro da primeira visita oficial de três dias ao país, Angola como parceiro ideal para acompanhar o processo de actualização do modelo económico e social da Ilha caribenha.

“Consideramos Angola uma importante contraparte para acompanhar o processo de actualização do modelo económico e social de Cuba”, declarou o Chefe de Estado cubano, salientando que os dois países devem aproveitar da maneira mais eficiente, as oportunidades e potencialidades com vista ao incremento das relações económicas, comerciais e financeiras bilaterais.

Ao discursar na abertura das conversações oficiais entre delegações dos dois Governos, na sala do Conselho de Ministros, Palácio Presidencial, na Cidade Alta, Miguel Díaz-Canel referiu que Angola é o país africano com quem Cuba mantém mais colaboração em diversas esferas.

Durante o encontro em privado, no Palácio Presidencial, o líder cubano disse ter actualizado o Presidente João Lourenço sobre a “difícil situação” económica e social do seu país, como resultado do bloqueio imposto à Ilha, pelos Estados Unidos da América.

“Actualizamos o Governo angolano sobre a difícil situação social e económica de Cuba, provocada, sobretudo, pelo recrudescimento do bloqueio aplicado pela Administração do antigo Presidente Donald Trump, que se mantém, sem nenhuma alteração, na actual Administração do Presidente Joe Biden, situação que tem provocado muitas limitações na vida quotidiana dos cubanos e cubanas”, expressou o líder cubano.

Apoio de Angola contra o embargo económico

Miguel Díaz-Canel agradeceu, a propósito, a “prestimosa” ajuda das autoridades angolanas, das Nações Unidas e da União Africana (UA), que em fóruns multilaterais têm-se batido para o levantamento das “injustas medidas” de bloqueio impostas à Cuba, que afectam também a terceiros países, dada a sua componente extraterritorial.

O líder cubano reafirmou a “firme vontade” do seu país em continuar a consolidar uma relação de respeito e amizade com o povo e Governo angolanos, salientando que dos mesmos Cuba também tem beneficiado de solidariedade nos momentos difíceis, nos últimos anos. Sublinhou as “incontáveis” mostras de carinho e solidariedade que o seu Governo tem recebido de Angola nos últimos anos devido a ocorrência de fenómenos naturais, como ciclones. Agradeceu, a propósito, o recente donativo constituído por diversos bens de primeira necessidade enviados à Ilha caribenha, por um grupo de ex-bolseiros angolanos naquele país (Caimaneros), por ocasião de um furacão que assolou as províncias ocidentais do país.

O Presidente cubano também agradeceu o apoio dos angolanos pelo envio de 70 toneladas de medicamentos e materiais necessários para a população cubana, afectada pelos incêndios ocorridos, em Agosto do ano transacto, na Base de Superpetroleiros de Matanzas, bem como as mensagens endereçadas pelo Presidente João Lourenço, por ocasião do Triunfo da Revolução Cubana, em Janeiro último,  e 70º aniversário  do Assalto ao Quartel de Moncada celebrados a 26 de Julho deste ano.

Visita pretende consolidar os vínculos de cooperação

O líder cubano referiu que a sua vinda a Angola, na qualidade de Chefe de Estado visa, também, dar continuidade ao intercâmbio sistemático de visitas bilaterais ao mais alto nível, bem como consolidar os vínculos de amizade e cooperação entre os dois Estados.

“Cuba e Angola estão unidos por indestrutíveis laços de sangue, amizade e irmandade desde o período de escravidão”, informou o Presidente cubano, realçando a disponibilidade e compromisso do seu país para com o incremento da cooperação bilateral em vários sectores, com destaque nos da saúde, educação, económico e comercial, na base do interesse e benefício mútuo.

O líder cubano manifestou satisfação por o Governo angolano ter baptizado uma unidade hospitalar da província do Cuanza-Sul com o nome do general cubano de Brigada, Raul Días Arguelles, falecido em combate durante a Batalha do Ebo.

Miguel Díaz-Canel lembrou que a história entre os dois países data desde o tempo da escravatura, quando muitos angolanos foram “arrancados” da sua terra para trabalharem como escravos na América, particularmente em Cuba.

Acordos visam elevar cooperação nos sectores de mútuo interesse

O Presidente de Cuba referiu que os instrumentos jurídicos rubricados ontem, na Cidade Alta, entre os dois Governos pretendem elevar os laços de cooperação nos sectores de mútuo interesse.

Tratam-se dos memorandos de entendimento nos domínios da Cultura e Turismo, entre a Agência Reguladora de Medicamentos (ARMED) de Angola e o Centro de Controlo Estatal de Medicamentos de Cuba, bem como para a promoção de investimentos entre a o escritório da Zona Especial de Mariel e a Sociedade de Desenvolvimento da Zona Económica Especial Luanda-Bengo.

Miguel Díaz-Canel defendeu, a propósito, a conclusão, com maior brevidade, das negociações entre os dois Governos sobre a agenda económica para o período 2024/2026.

Sublinhou que o seu país mantém as portas abertas para a formação de angolanos nos mais diversos sectores, argumentando que a qualificação dos recursos humanos constitui a chave para o progresso das Nações.

O líder cubano agradeceu o homólogo angolano, por aceitar participar nos dias 15 e 16 de Setembro próximo, na Cimeira do Grupo dos 77 + China, que o seu país acolherá nos dias 15 e 16 de Setembro próximo, na capital cubana, Havana.

O Grupo dos 77+China é uma coligação de países fundada em 1964 e vocacionada à promoção dos interesses económicos colectivos dos membros, bem como a criar uma maior capacidade de negociação conjunta.

  Conversações marcam o presente e futuro das relações

No momento com a imprensa, o Presidente Miguel Díaz-Canel justificou que a visita de três dias a Angola só não aconteceu em 2020 devido a pandemia da Covid-19, acrescentando que com o homólogo angolano manteve “importantes conversações”, que marcam o presente e o futuro da cooperação bilateral, em prol do bem-estar dos povos dos dois países.

O líder cubano lembrou que a visita acontece num ano em que Angola comemora, em Novembro próximo, o 48º aniversário da independência, salientando que todos os anos desta efeméride, os cubanos festejam e buscam sempre a memória do Fundador da Nação Angolana, António Agostinho Neto, que de forma “incansável”, se bateu pela liberdade e dignidade do povo angolano.

Miguel Díaz-Canel lembrou, também, que este mês se comemora o 40º aniversário da Batalha de Cangamba, uma das mais importantes ocorridas no território, no quadro da defesa da integridade territorial angolana.

O Presidente cubano disse que a participação do seu país na luta pelas independências de países africanos foi uma maneira de saldar a dívida que tinha com África, em particular com a Nação angolana, realçando que os Governos dos dois países trabalham em programas com vista o desenvolvimento e busca da prosperidade para os dois povos e Nações.

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