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CUCA vale 79,5 milhões USD

O Estado privatizou 1% da maior cervejeira do País por 489 milhões Kz, o que significa que os 100% valem 48,9 mil milhões Kz, pouco menos de 80 milhões USD, valor considerado “muito residual” pelo economista Porfírio Muacassange. “Dá a impressão de oferta do Estado a um privado qualquer”, reforça.

A Companhia União de Cervejas de Angola (CUCA) foi avaliada em cerca de 79,5 milhões USD na privatização da participação de 1% que o Estado detinha na empresa, de acordo com cálculos do Mercado a partir dos dados do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE).

A participação do Estado na cervejeira foi vendida por 489 milhões Kz. Se as acções representativas de 1% do capital da CUCA foram avaliadas em 489 milhões a totalidade das acções valem 100 vezes mais ou seja 48,9 mil milhões Kz. Considerando a taxa de câmbio de 614,92 kz por cada USD desta quinta-feira, 11 de Março, o contravalor em dólares ascende a cerca de 79,5 milhões USD.

A venda das acções do Estado na CUCA enquadra-se no Programa de Privatizações (PROPRIV) 2018- 2022, que também inclui a N´gola e a Eka, onde o Estado detinha 1% e 4%, respectivamente.

A participação de 1% na N’gola foi vendida por 297,8 milhões Kz o que coloca o valor da empresa em 29,8 mil milhões Kz ou 48,5 milhões USD. Como os 4% da Eka foram vendidos por 367,2 milhões Kz a empresa vale 9,2 mil milhões Kz ou 15 milhões USD.

Feitas as contas as três cervejeiras juntas foram avaliadas em 115,4 mil milhões Kz, permitindo ao Estado encaixar cerca de 1,9 mil milhões Kz. Um valor que parece “muito residual” ao economista Porfírio Muacassange. “Dá a impressão de oferta do Estado a um privado qualquer”, reforçou, em declarações ao Mercado.

Contudo “sem um modelo de avaliação claro com auxílio de consultoria internacional que fosse publicado para todos stakeholders, é difícil aferir sobre o valor em causa”, admite. “O princípio da transparência da gestão dos activos do Estado a repassar para o sector privado da economia fica condicionado se não se observar todo manancial descrito e não se observarem as normas internacionais de contabilidade e relato financeiro ias IFRS”, considerou o economista.

“Sem isso fica difícil exprimir que pressuposto foram usados e se os mesmo são consistentes ou não” concluiu o economista. A cervejeira Cuca líder do mercado angolano foi criada em 1947 como filial da Central de Cervejas portuguesa.

Actualmente a cervejeira é detida directa e indirectamente em 51% pelo Grupo francês Castel BBGI, que investe em Angola por intermédio da Brasseries Internationales Holding (BIH). Do restante capital 12,8% estão nas mãos da GEFI, holding do MPLA, e o restante nas mãos de acionistas privados, a maioria dos quais Pessoas Politicamente Expostas. Fundado em 1949 por Pierre Castel, o francês Castel BGI tem uma forte implantação em África.

“A 16 de Setembro de 2005, o Conselho de Ministros aprovou a privatização da cervejeira Cuca através da resolução 65/05, tendo o Estado transferido, de forma obscura, 51% das suas acções à Soba, uma sociedade mista entre a holding do MPLA, a GEFI, e a Brasseries Internationales Holding (BIH), do grupo francês Castel. Esta última, na qualidade de investidor estrangeiro singular, ficou com 13% das acções da Cuca. A empresa francesa detém 75% do capital da Soba e à GEFI cabe 25% da sociedade, explica o jornalista e activista Rafael Marques num relatório intitula do MPLA sociedade anónima.

Além da CUCA, o grupo Castel controla a EKA e a Nocal e gere a N’Gola, detendo praticamente o monopólio das cervejas em Angola mercado alimentado através das 12 fábricas com cinco mil trabalhadores que o grupo possui no País.

Dividendos de 113 milhões Kz em 2019

A Cuca, a EKA e a Ngola foram as únicas participações que renderam dividendos ao accionista Estado em 2018 e 2019, de acordo com o relatório agregado do Sector Empresarial Publico (SEPE) divulgado pelo IGAPE. Em 2019, a Eka foi a que mais dividendos rendeu ao Estado, 80 milhões Kz, seguida pela Cuca e pela N´gola com 20 e 13 milhões Kz, respectivamente. Juntas, as três cervejeiras renderam 113 milhões em 2019 e 153 milhões Kz em 2018.

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