As forças de segurança sudanesas mataram este sábado (30) duas pessoas durante protestos contra o recente golpe militar no país, segundo um sindicato de médicos, apesar dos repetidos apelos do Ocidente aos novos governantes militares do Sudão para permitirem protestos pacíficos.
Milhares de sudaneses saíram sábado (30) às ruas, gritando “revolução”, para protestar contra o golpe militar ocorrido no início desta semana e que ameaça inviabilizar a transição do país para a democracia.
Grupos pró-democracia convocaram marchas de protesto em todo o país para exigir a reinstalação do governo de transição deposto e a libertação de figuras políticas que foram detidas.
Os Estados Unidos e as Nações Unidas advertiram o homem forte do Sudão, o general Abdel-Fattah Burhan, de que encarariam o tratamento dado pelos militares aos manifestantes como um teste e pediram moderação.
Burhan afirmou que a transição para a democracia continuaria, apesar do golpe militar, e que instalaria um novo governo tecnocrata em breve. O movimento pró-democracia no Sudão teme, contudo, que os militares não tenham intenção de abrandar o comando e acabem por nomear políticos que podem controlar.
Os protestos de hoje aumentarão, provavelmente, a pressão sobre os generais, que enfrentam crescentes condenações dos EUA e de outros países ocidentais para restaurar um governo liderado por civis.
As multidões de manifestantes começaram a reunir-se esta tarde na capital Cartum e en Omdurman. Os manifestantes gritavam “Desiste, Burhan” e “Revolução, revolução”. Alguns seguravam faixas onde se lia “Retroceder é impossível”.