O primeiro dia de aulas no ensino geral foi marcado, nesta segunda-feira, em Luanda, pela fraca presença de alunos e professores em diversas escolas.
Na manhã de ontem, em várias artérias da cidade de Luanda, eram poucas as crianças em direcção à escola. Poucas batas brancas eram visíveis.
Directores de estabelecimentos escolares, contactados pela reportagem do Jornal de Angola, apelam aos encarregados de educação no sentido de incentivarem os educandos a não disperdiçarem os primeiros dias de aulas.
Na escola nº 1.233, à Ilha de Luanda, a equipa de reportagem do Jornal de Angola encontrou alguns alunos, professores e encarregados de educação que assistiam uma missa de abertura das actividades escolares, prática frequente, segundo a directora da instituição.
Gongo conda apelou aos pais e encarregados de educação no sentido de fazerem com que as crianças não percam as primeiras matérias.
A escola nº 1.233 tem cerca de 520 alunos da iniciação à sexta classe, distribuídos em seis salas. As aulas são ministradas por 12 professores.
Quanto aos manuais de apoio, a directora Gongo Conda garantiu que vão ser distribuídos aos alunos nos próximos dias.
A equipa de reportagem do Jornal de Angola passou, também, pela escola primária 1.206 (ex-escola 3.007), no Distrito das Ingombotas, onde a presença de alunos e encarregados de educação era bastante tímida. O cenário era caracterizado por salas vazias e consulta de listas.
Segundo a directora da instituição, Catarina Gonçalves, não existe défice de professores, os 14 são suficientes para um universo de 423 alunos. A directora pediu aos pais e encarregados de educação no sentido de habituarem as crianças a ir à escola a partir do primeiro dia de aulas.
“Temos seis salas de aula e vamos receber mais alunos, porque cada sala deve ter 45, da iniciação à 6ª classe”, explicou.
No Magistério Mutu Ya Kevela, as aulas arrancaram, também, de forma tímida (11ª e 12ª classe). As aulas para a 10ª começam, apenas, no dia 12 de Setembro, estando os alunos da 13ª classe em regime de estágio curricular.
Na escola do I ciclo do Ensino Secundário Ngola Kanini, no Distrito Urbano da Maianga, as aulas não começaram, porque os pais não mandaram os filhos à escola, onde estava tudo pronto para o arranque do ano lectivo.
“Temos as listas afixadas e as salas de aula estão prontas”, disse a directora da Escola Ngola Kanini, Maria Francisco, acrescentando que a instituição lecciona da 7ª a 9 ª classe e conta com 32 salas de aula, que vão acolher mais de 400 alunos.
No Liceu nº 1145, também conhecido com Escola Ngola Kiluanje, apesar da adesão em massa de professores, notava-se a presença de poucos alunos.
Segundo o director da instituição, António Ernesto, esperava-se que os alunos aparecessem em massa no primeiro dia de aulas. “Apelamos aos pais e encarregados de educação no sentido de enviarem os seus educandos à escola, porque as aulas já começaram e os professores estão a marcar faltas”.
“O Liceu nº 1145, Escola Ngola Kiluanje, vai acolher cinco mil alunos, da 10 ª, 11ª e 12 ª classes, nos cursos Ciências Físicas, Biológicas, Económicas, Jurídicas e Artes Visuais”, referiu.
Na escola da Missão Católica INME Marista, do I e II ciclos, com capacidade para mais de três mil alunos, constatou-se um cenário diferente. Era visível a apresença de muitos professores e alunos no anfiteatro da instituição.
Municípios de Viana e do Cazenga
Em algumas escolas do município de Viana, como a 5001 “Fidel de Castro”, 5002 “Preparatória” e 5111 foi possível verificar a presença de encarregados de educação a consultar as listas afixadas, para se inteirarem das salas e horários dos seus educandos.
Por parte dos alunos que entram pela primeira vez no sistema de ensino foi notório a ansiedade para conhecer os colegas e professores.
No Cazenga, o primeiro dia de aulas foi marcado por um grau elevado de absentismo, como na escola 3.300, onde o director José Rocha apela aos pais e encarregados de educação no sentido de incentivarem as crianças a assistir as aulas.
Na Escola Sagrada Esperança, no Distrito do Rangel, o responsável da instituição disse não ter aparecido nenhum aluno, supostamente devido ao clima de chuva que se registou ontem em certas áres da cidade de Luanda, enquanto que na do I ciclo do ensino secundário Ekuikui II Nº 1.186, no Rangel, com 11 salas de aula, apareceram mais de 300 alunos segundo o director Agostinho Cassoma.
No município de Belas, as escolas de diversos níveis de ensino, nos distritos do Benfica e Vila Verde, registaram presença massiva de alunos, tal como na Centralidade do Kilamba, como, por exemplo, na Lueji-a-Nkonda 2.004, Instituto Médio de Saúde, Nzinga Nkuvu e Welwitcha Mirabilis 2005.
Em todo o país, o presente ano lectivo contará com 8.933.125 alunos, dos quais mais de um milhão 560 mil entrarão pela primeira vez no sistema de de ensino.
A província de Luanda conta com 4.302 escolas de diferentes níveis, sendo 792 públicas e 3.510 privadas, que, no presente ano lectivo, vão acolher mais de 119.000 estudantes, entre os quais 20.344 entram pela primeira vez no sistema de ensino.
Segundo o governador da província de Luanda, Manuel Homem, cerca de um milhão de crianças fica fora do sistema de ensino no presente. ano lectivo.
Associação dos Professores apoia o lema do ano lectivo
O presidente da Associação dos Professores de Angola (APA), Inácio Ngonga, disse que os filiados se revêm no lema do presente ano lectivo, que coloca o professor no centro da formação e educação.
Segundo Inácio Ngonga, os professores estão conscientes que a Educação é a base para o desenvolvimento do país.
Inácio Ngonga avançou que a APA assumiu o compromisso de erradicar o analfabetismo no país e elevar os conhecimentos técnicos e científicos.
“Os sacrifícios de estar presente nas aldeias mais recônditas, povoações, comunas, municípios e distritos fazem de nós verdadeiros patriotas, que, ao lado de outros angolanos, contribuem para o engrandecimento do país”, explicou.
O responsável da APA defende a criação de um plano nacional de reabilitação de escolas, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
O ano lectivo 2023-2024 foi aberto oficialmente no passado dia 1. As aulas tiveram início ontem e vão até 31 de Julho do próximo ano, compreendendo 48 semanas escolares.
Segundo o Decreto Executivo n.º 56/23 do Ministério da Educação, o calendário nacional para o ano lectivo 2023-2024 é aplicável às instituições de educação pré-escolar, ensino primário e secundário público, público-privado e privado.
O primeiro trimestre do ano escolar 2023-2024 vai até 15 de Dezembro, período em que começam os concursos académicos, como olimpíadas de Matemática, Física, Literacia Financeira, de redacção da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e o curso de leitura.
O segundo trimestre decorre entre 3 de Janeiro e 28 de Março de 2024, estando previsto neste período a realização dos jogos provinciais escolares. O terceiro e último trimestre decorre entre 8 de Abril e 31 de Julho de 2024.