A Ordem dos Enfermeiros de Angola controla, em todo o país, mais de 55 mil membros, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, que clamam por subsídios, melhores condições salariais e de trabalho.
A informação foi prestada, aos jornalistas, na última semana, pelo bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola (ORDENFA), Paulo Luvualo, a propósito da realização, nos dias 25 e 26 de Novembro, do V Congresso da organização.
“A ordem é uma organização socioprofissional de inscrição obrigatória, que tem como objectivos controlar, fiscalizar e disciplinar o exercício da enfermagem no país“, disse Paulo Luvualo, acrescentando que “ninguém pode exercer a profissão sem estar credenciado pela ordem, através da carteira profissional“.
Quanto às reivindicações que se registam no sector, protagonizadas pelos sindicatos do ramo da Saúde, Paulo Luvualo considerou-as aceitáveis. Segundo ele, o sindicato está a reivindicar subsídios, melhoramento de salários e condições de trabalho. Em relação aos subsídios, segundo o bastonário, já era um direito adquirido e não se entende as razões que levaram à sua retirada.
MAIS: Trabalhadores do Hospital Divina Providência em Greve
Paulo Luvualo lembrou ainda que em 2018 houve actualização da tabela salarial e muitos que tinham salário razoável viram-no baixar, devido ao surgimento do novo regime remuneratório. Citando a lei, disse que o salário é um direito adquirido, que não se devia perder, mas, infelizmente, os enfermeiros perderam esse direito.
No que tange às condições de trabalho, o entrevistado diz que às vezes se exige a humanização dos serviços, sem, porém, valorizar, em primeiro lugar, o homem. Segundo o bastonário da Ordem dos Enfermeiros, quando se exige que um profissional de enfermagem trabalhe bem, tem que se lhe garantir condições. “Não se pode exigir rigor a quem não se deu condições de trabalho“.
Sobre as greves, o responsável associativo afirmou que não concorda: “Quando a gente faz greve, quando paralisamos os serviços, não são as individualidades que sofrem as consequências, mas sim o pacato cidadão“.
O bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola culpa em parte o Ministério das Finanças pelos constrangimentos que se registam no sector da Saúde, pelo facto de vetar, às vezes, a entrada de novos profissionais, alegando falta de dinheiro.
Segundo Paulo Luvualo, o Ministério da Saúde propõe a inserção de um certo número de profissionais num hospital, mas as Finanças reprovam a proposta, alegando a inexistência de recursos financeiros, o que provoca distorções graves no sistema. Sobre o papel do enfermeiro no sistema de Saúde, disse que cabe a ele dar banho ao doente, dar de comer, incluindo avaliar a temperatura, a respiração, a tensão arterial, a dor, bem como administrar os medicamentos.