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É oficial: Liz Truss será a nova primeira-ministra britânica

Depois da votação dentro do Partido Conservador, a ministra dos Negócios Estrangeiros transita agora para o número 10 de Downing Street.

A campanha foi longa, mas é finalmente conhecido o nome da nova ocupante do número 10 de Downing Street. Liz Truss confirmou o seu favoritismo esmagador, ao vencer as eleições dentro do Partido Conservador e será nomeada, na terça-feira, a nova primeira-ministra do Reino Unido.

O anúncio da vitória da antiga ministra foi feito por Graham Brady, deputado e presidente do influente Comité 1922 (o grupo parlamentar do Partido Conservador), que informou que Liz Truss venceu com 81.326,

Considerada como a opção mais segura do Partido Conservador, Liz Truss, de 47 anos, é efetivamente a candidata da continuidade, tendo passado por vários cargos nos governos conservadores – o último foi o de ministra dos Negócios Estrangeiros – e reunindo um apoio mais generalizado da direita.

A escolha de Truss é o final de um longo processo, que se iniciou a 7 de julho quando Johnson, depois de perder o apoio de uma grande parte do Governo e do seu partido por causa dos escândalos que mancharam Downing Street, apresentou finalmente a sua demissão.

A escolha do Partido Conservador não é propriamente popular, já que a nova primeira-ministra assume a liderança do país sem ir a eleições, eleita apenas por 180 mil militantes do partido em vez dos mais de 40 milhões de eleitores – aliás, os últimos dois primeiros-ministros, Boris Johnson e Theresa May (ambos dos Tories) assumiram o cargo sem passar pelo escrutínio do público.

Segundo um estudo académico sobre a eleição, citado pela Lusa, Truss foi eleita apenas por 0,3% de toda a população, sendo que a grande maioria dos militantes dos Tories são homens brancos com mais de 50 anos.

Truss é ainda a terceira mulher a mudar-se para a residência oficial do primeiro-ministro, em Downing Street, depois de Margaret Thatcher e Theresa May.

Primeiro desafio passa pela energia e inflação

A nova primeira-ministra tem à sua frente a enorme crise energética que já está a afetar o Reino Unido, e Truss não tem escondido a preferência por políticas de relaxamento de impostos para as pessoas e empresas mais ricas, argumentando que levará a uma descida de preços – uma ideia refutada por muitos especialistas.

A prioridade que Liz Truss tem dado ao relaxamento fiscal, em prol dos apoios governamentais direcionados a certos setores, tem-lhe valido comparações a Margaret Thatcher, a primeira-ministra dos anos 80 que implementou o neoliberalismo no Reino Unido – uma política muito controversa que, enquanto alguns elogiam pela forma como liberalizou o mercado (em Portugal, a Iniciativa Liberal é o grupo que mais apoia esta política económica), muitos outros especialistas responsabilizam-no pelo deterioramento das condições de vida dos mais pobres e ao aumento da desigualdade entre classes.

No The Guardian, são vários os jornalistas económicos que apontam críticas e demonstram ceticismo em relação ao plano de Liz Truss para a economia e para a crise energética, conhecido informalmente como ‘Trussonomics’. Ao jornal britânico, o diretor do Instituto dos Estudos Fiscais, Paul Johnson, disse que as políticas da nova primeira-ministra deverão aumentar ainda mais a inflação que tem prejudicado gravemente a economia.

“Ela tem claramente razão que tivemos um crescimento terrível nos últimos 15 anos. Mas a verdade é que simplesmente cortar impostos, cortar contribuições de Segurança Social, por exemplo, não é uma estratégia para crescimento”, reiterou.

Truss e Sunak nunca entraram em grande detalhe sobre como iriam combater a subida dos preços da energia. Aliás, numa entrevista à BBC, Truss até considerou ser errado entrar em mais detalhes.

O Telegraph e o The Times, porém, pintam uma imagem diferente, escrevendo que as reticências de Truss em anunciar medidas detalhadas deve-se ao facto de a sua primeira política poder ser o congelamento dos preços da energia – uma medida que foi proposta pelos Trabalhistas, a principal oposição no Reino Unido, e rejeitada pelos Conservadores.

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