A implantação de cinco projectos fabris no pólo de desenvolvimento Industrial da Caála e operação de uma unidade de produção de contraplacado com potencial para cobrir a procura do mercado nacional tem estado a absorver a atenção das autoridades do Huambo, que manifestam elevadas expectativas em relação ás duas operações.
A implantação de cinco projectos fabris no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Caála e operação de uma unidade de produção de contraplacado com potencial para cobrir a procura do mercado nacional tem estado a absorver a atenção das autoridades do Huambo, que manifestam elevadas expectativas em relação às duas operações.
Os cinco novos projectos fabris em curso no Pólo Industrial da Caála juntam-se a sete já implantados e têm potencial para vitalizar a actividade económica naquela concentração de unidades industriais, onde o espaço disponível tem uma ocupação de apenas 11 por cento, segundo disse ao Jornal de Angola o director do Gabinete Provincial de Desenvolvimento Económico Integrado do Huambo, Manuel Vitongui.
Entre as empresas em implantação, figuram unidades vocacionadas para a transformação de alimentos, incluindo cereais, com o que é minimizada a questão da área ocupada do pólo que, possuindo um total de 1.087 hectares de extensão, tem unidades industriais implantadas em apenas 134,5 hectares, contando-se fábricas de colchões esponjados, blocos, artefactos de cimento para vedação, molduras de caixilharia e reservatórios de água em plásticos.
De acordo com Manuel Vitongui, a fábrica de contraplacados, localizada a três quilómetros da vila de Cachiungo, no Leste da província, é muito solicitada pelos empreiteiros de obras de construção civil e por detentores de oficinas de artes e ofícios, com realce para carpintaria.
O director do Gabinete Provincial do Desenvolvimento Económico Integrado manifestou expectativas de que o mercado nacional deixe de importar contraplacado para a construção civil, em breve, na sequência dos investimentos em curso na fábrica de produção de derivados de madeira.
Segundo o responsável, a província do Huambo já se consolidou nesse domínio, uma vez que o contraplacado usado para diversos fins é produzido na região, com o maior desafio a residir na colocação do produto nas restantes províncias do país.
Lembrou que a província do Huambo já constituiu, da década 60 à de 90, o segundo parque industrial do país. Naquela altura, as unidades fabris dos bairros São João, Chiva, São Pedro e da parte Baixa da cidade eram as que absorviam a maior parte da mão-de-obra da província.
O director do Gabinete Provincial para o Desenvolvimento Económico Integrado considerou que o estado de destruição em que se encontram as antigas fábricas torna a recuperação mais difícil e onerosa do que optar por instalações novas e modernas unidades.
Manuel Vitongue lembrou as fábricas de confecções Nova-Plás, Nova York e Co-Huambo, unidades de produção de refrigerantes, fundições para a produção de enxadas, catanas e charruas para apoio aos camponeses, de tararas para a selecção de sementes nos campos, máquinas para equipamentos de apoio à indústria e outras que absorviam, naquela época, maior parte da mão-de-obra.
Indústrias rurais
Actualmente, realçou Manuel Vitongue, existe um Programa de Fomento da Pequena Indústria Rural (PROFIR) que se enquadra no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) que prevê a criação de indústrias rurais na província, através da infra-estruturação de parques industriais nos diversos municípios.
O responsável indicou que, neste momento, há obras paralisadas em dois parques industriais no município do Cachiungo e outra na comuna da Calenga, Caála, para onde se projecta a produção de rações, panificação, moagem, oficinas de frio e mecânica.
A unidade fabril LSGC, de carteiras escolares, portas e material de escritório, restringiu a capacidade de produção diária para 200 carteiras devido ao surgimento da pandemia da Covid-19, que afectou as finanças dos investidores.
Localizada no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Caála, a cerca de 23 quilómetros da cidade do Huambo, a unidade fabril, instalada para produzir 500 carteiras por dia, deixou de operar no topo da capacidade em 2020, confirmou o supervisor da fábrica, Jacob Frederico. Realçou que, desde que surgiu a pandemia, reduziram as solicitações. A título de exemplo, em todo o ano de 2020 foram produzidas 400 carteiras escolares.
Além de carteiras escolares duplas e individuais, a unidade produz uma média diária de 40 camas hospitalares, beliches, cinco cadeirões, 15 mesas, portas e material de escritório com material local e proveniente da China.
A estratégia consiste em produzir carteiras, mesas de reuniões e secretárias consoante a necessidade do mercado e elevar as quantidades sempre que se justificar o aumento, pois há força de trabalho e máquinas com potencial para responder às solicitações do mercado.
Novos mercados impulsionam produção fabril na província
As províncias do Huambo, Huíla e Luanda são os principais mercados da fábrica de carteiras e mobília de escritório, ao mesmo tempo que de outros derivados de madeiras, sendo que estes produtos absorvem, regularmente, mais de metade da produção.
Jacob Frederico referiu que as vendas são feitas de forma directa ou por encomenda, tanto para empresas, quanto para clientes individuais que se deslocam à fábrica.
A nossa reportagem deparou-se com dois camiões que se encontravam a carregar duas mil carteiras com destino às províncias de Luanda e Huíla, segundo o condutor João Bernardo, que aguardava pela conclusão do carregamento de mil carteiras para Lubango, a pedido da Direcção Provincial da Educação.
O supervisor afirmou que, além do salário, os angolanos encontraram, na fábrica, a oportunidade de aprender a manusear as máquinas que intervêm no processo de produção e de crescer do ponto de vista profissional.
“São, essencialmente, jovens de ambos os sexos que, quando vieram para cá trabalhar, nada sabiam, apenas auxiliavam os chineses. Com o passar do tempo, fruto da aprendizagem, foram-se destacando e, alguns, ocupam cargos de chefia”, realçou o responsável.
Prova disto é o caso dos jovens Domingos Calulu Lucas, de 27 anos, Pedro Luwaya, 24, Eduardo Sassoma, 22, Pedro Mateus, Albino Aspirante, Jeremias dos Santos e Joaquim Chipenha, de 23, que trabalham como operadores de máquinas tempos depois de terem sido admitidos como funcionários auxiliares.
“Temos boas condições de trabalho. Com o salário que recebemos, compramos vestuário para os filhos, cadernos e lápis para estudarem, além de sementes e adubos para as nossas lavras”, disse um dos jovens.
Inaugurada em 2016 pelo antifo governador do Huambo João Baptista Kussumua, a unidade fabril gerou emprego directo para 63 jovens locais, três das quais mulheres, e para dois chineses, com o que o total de trabalhadores ascende a 65, acima dos 54 empregados no auge da pandemia, em 2020.
Com um investimento privado avaliado em mais de 600 milhões de kwanzas, a fábrica é participada por angolanos e chineses, produzindo perto de 10 mil carteiras mês, segundo o supervisor e operador de máquinas Jacob Frederico.