O director executivo da unidade de exploração e produção da petrolífera Sonangol, Ricardo Van-Deste, disse, segunda-feira (15), durante a Africa Oil Week, na Cidade do Cabo, África do Sul, que “é mais provável ficar sem dinheiro do que sem petróleo”, referindo-se à redução de financiamento no sector por motivos ambientais.
“Muita gente diz que vamos ficar sem petróleo, mas eu acho que é mais provável ficarmos sem dinheiro muito antes de ficarmos sem petróleo”, disse citado pela Lusa.
Para o dirigente da petrolífera nacional, a luta para angariar investimento externo na indústria petrolífera aumentou de nível devido ao aumento das preocupações ambientais, com muitas instituições a abandonarem investimentos no petróleo, mas também por causa das restrições financeiras das próprias companhias.
“Pode chegar o dia em que os bancos simplesmente não nos vão dar mais dinheiro”, admitiu, ao explicar que o problema não é exclusivo da Sonangol, nem de Angola, mas sim de todo o continente africano e das companhias nacionais petrolíferas do continente.
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Para responder a este desafio, Ricardo Van-Deste disse que a Sonangol está à procura de financiadores alternativos para encontrar capital para expandir as suas operações, tendo começado por alienar empresas marginais, como uma agência de viagens, hotéis e serviços de alimentação.
“Identificámos oito blocos que serão incluídos na nossa estratégia de ‘desinvestir para investir’, segundo a qual temos a exploração de blocos e a produção de activos, o que dá a oportunidade às companhias interessadas, com várias valências, de entrarem no mercado sem terem de passar por uma licitação nacional”, explicou.
Estes oito blocos têm uma rentabilidade baixo ou custos mais elevados de exploração e a sua venda vai dar à Sonangol um encaixe financeiro que será usado para financiar novos investimentos em activos mais lucrativos, acrescentou o gestor sobre este equilíbrio da carteira, que será crucial para dar espaço à companhia para honrar os seus compromissos financeiros.
De acordo com a nota enviada à Lusa pela organização da Africa Oil Week, a obtenção de financiamento virá não apenas da dispersão de parte do capital em bolsa, mas também pela implementação da nova estratégia da empresa.