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Congresso Ordinário do MPLA começa hoje em Luanda

Constituem temas dominantes deste Congresso a eleição da nova direcção, cuja candidatura aprovada foi a de João Lourenço, a paridade de género em 50 por cento, tanto para a participação quanto para a representação na composição dos órgãos e organismos do partido, a vários níveis, e a injecção de mais jovens nos órgãos intermédios e central.

Aqui, o destaque recai para o alargamento do Comité Central, que passa de 497 para 693 membros, tal como refere o comunicado saído da VII sessão extraordinária daquele órgão, realizada terça-feira última.

No âmbito da paridade, a futura composição do Comité Central passará a ser dominada por mulheres, com 347 lugares  contra 346 homens.

Em relação à questão da paridade de género no MPLA, o presidente do partido já havia alertado, no seu discurso de abertura do VII Congresso Ordinário da OMA, que se tratava de “um caso inédito na história das organizações políticas angolanas ao longo de todos os tempos”.
João Lourenço lembrou, na ocasião, que nos países em desenvolvimento a desigualdade de género tem sido uma constante, com a mulher a ser a parte mais vulnerável e discriminada, relegada ao segundo plano, desprovida dos direitos e oportunidades que garantam a sua afirmação, desenvolvimento e realização, enquanto ser humano.

Disse que era hora de eliminar todos os preconceitos e abusos contra a mulher. “A mulher é vida, é o motor das transformações sociais, económicas e políticas de qualquer sociedade”, frisou, na altura.O presidente do partido lembrou, ainda, que, em Angola, as mulheres têm contribuído para o desenvolvimento económico, social e cultural do país, tendo, por isso, adquirido o estatuto de sujeito da própria história.

Ainda sobre o futuro Comité Central do MPLA, o comunicado saído da VII Sessão Extraordinária daquele órgão, presidida por João Lourenço, informa que foram aprovados 340 candidatos pela lista da continuidade e 353 pela da renovação.

Quanto à representatividade juvenil, o futuro Comité Central terá mais de 35 por cento de jovens, com idades entre os 18 e 35 anos. Muitos dos lugares a serem ocupados por quadros da nova geração, no partido, foram “disponibilizados”, voluntariamente, por militantes integrantes da Luta de Libertação Nacional e da Clandestinidade, tal como refere o documento.

O Comité Central é o ór-gão deliberativo máximo do MPLA, no intervalo entre dois congressos, que estabelece a linha de orientação política do partido, no quadro das decisões dos conclaves em conformidade com os seus estatutos.

O órgão reúne-se, em sessão plenária ordinária, duas vezes por ano e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo presidente ou pelo Bureau Político do partido, em conformidade com os estatutos.Os desafios de inclusão e desenvolvimento
Para o politólogo e membro do Comité Central do MPLA, Alberto Colino Cafussa, o partido vai para este congresso com enormes desafios, sendo alguns temas de debates em cafés, escolas, universidades e festas de família, por, na visão de conservadores, constituírem ousadia sem precedente dos seus proponentes.

Num artigo intitulado “O MPLA e os desafios de inclusão e desenvolvimento”, publicado neste jornal, o também académico aponta como um dos casos a paridade de género e da injecção de mais jovens nos órgãos intermédios e central do partido.

Alberto Cafussa afirma, no seu artigo, que este tema nunca foi consensual ao longo da “História”, embora o tempo viesse a dar razão a quem apostasse na juventude e na emancipação da mulher, mas sempre numa desconstrução do sistema, onde a confluência de valores (de novo para o velho e vice-versa) deve ser uma constante.

No seu entender, o rejuvenescimento e a paridade nos órgãos do partido, a que o VIII Congresso Ordinário do MPLA se propõe implementar, não só é uma estratégia que visa tornar o partido governante numa força política mais dinâmica e vigorosa, face aos desafios político-eleitorais, como, também, se trata de uma decisão que concorre para uma representação justa da composição demográfica da população angolana, em que 65 por cento estão entre os zero e 24 anos de idade, 50 por cento dos 15 aos 64 anos, (idade economicamente activa) e apenas dois por cento são idosos (acima dos 65 anos).

“Em relação ao género, a população angolana é constituída maioritariamente por mulheres (52 por cento)”, lembra. O membro do Comité Central disse não haver dúvidas de que o gráfico, em relação ao número de senhoras com formação qualificada, tem sido ascendente nos últimos anos.”Hoje, a mulher ombreia com o homem, não só nos benefícios sociais, mas, também, na assumpção das responsabilidades para com a Pátria”, acentua.

De acordo com Alberto Cafussa, esta equação, que disse consistir na representação proporcional dos jovens e da mulher, confere dinamismo e progresso dos partidos políticos e organizações que têm como fim a conquista, o exercício e a manutenção do poder, sempre numa perspectiva de socialização política e de conservação da ideologia, sem perder de vista as contingências da contemporaneidade.

O académico disse ser por isso que o MPLA defende um modelo de desenvolvimento sustentável de Angola assente na inclusão, quer nos direitos políticos, quer nas oportunidades económicas, bem como no aprofundamento da cidadania participativa.

“Determinado a combater a corrupção, o nepotismo, a impunidade e outros males que enfermam a so-ciedade angolana, o partido MPLA aposta nas “armas” que possui para vencer essa luta, que, se reconheça, é de uma grande complexidade”, realça.

O politólogo lembra que a decisão do rejuvenescimento e da paridade, toma-da durante o VII Congresso Extraordinário do MPLA, realizado em 2019, que apostou “seriamente” na promoção da mulher e dos jovens, não foi uma conversa “meramente eleitoralista”.

Disse ter fundamentos estatutários e científicos, a julgar pela composição sócio-demográfica dos angolanos, população jovem e maioritariamente feminina.

Cafussa entende que a injecção de sangue novo no VIII Congresso é uma de-monstração clara da aposta nos jovens.

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