A maioria dos Chefes de Estado ou seus representantes, que intervieram sábado (27) na abertura da Bienal de Luanda, defenderam a promoção da cultura, das artes e do património como alavancas para o crescimento económico, social e cultural do continente, e forma de “fazer calar as armas” em muitas regiões africanas.
O Presidente em Exercício da União Africana, Félix Tshisekedi, destacou como prioridade o reforço do movimento Pan-Africano com vista a uma cultura de paz e da não violência no continente.
O também Chefe de Estado da República Democrática do Congo falou dos “efeitos macabros” do terrorismo e das guerras que ainda prevalecem em algumas regiões de África, tendo, por isso, elogiado Angola pela “dinâmica e periodicidade” na realização de bienais da paz, mesmo com as dificuldades decorrentes da Covid-19.
“Espero que o evento abra a iniciativa para a realização de outros fóruns para promover o diálogo inter-geracional”, afirmou Tshisekedi, defendendo maior intercâmbio entre africanos dentro do continente e residentes na diáspora, e a promoção da Zona de Livre Comércio Africano.
Por sua vez, o Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, referiu que o património africano “rico e diversificado” é um “factor importante” para a integração e desenvolvimento sustentável do continente.
“As artes, cultura e o património são alavancas para a edificação da África que queremos”, afirmou Nguesso, ao defender maior aproximação e partilha entre os povos africanos, com vista ao crescimento económico, social e cultural dos Estados.
Para o Presidente Dennis Sassou Nguesso, a II Bienal de Luanda reafirma o papel das artes, cultura e do património como catalisadores para o desenvolvimento sócio-económico e integração.
Ao referir-se sobre os conflitos militares, sobretudo na África Central, sublinhou a necessidade do reforço do equilíbrio inter-étnico e comunitário para a estabilidade política e coesão social no continente.
“Temos de diligenciar com vigor a conquista da paz nos corações e nas consciências dos nossos compatriotas”, afirmou.
Por sua vez, o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, o único Chefe de Estado europeu convidado, salientou a necessidade urgente da instauração da paz no mundo pelo facto de a mesma ser inerente à dignidade da pessoa humana.
“A paz é mais urgente hoje e deve ser de todos e para todos”, afirmou o Presidente luso, para quem a mesma exige uma cultura de paz e esta, por sua vez, é feita de património material e imaterial, de liberdade, igualdade e solidariedade.Ao longo da intervenção, mencionou também que “a paz e a cultura da paz constroem-se ou destroem-se todos os dias na discriminação entre culturas ou na construção da igualdade entre elas”.
Apelou aos jovens africanos para as responsabilidades que devem assumir na construção da paz, acrescentando que Portugal está disponível para contribuir com os Estados africanos na luta pela liberdade, igualdade e solidariedade.
O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, felicitou o Governo angolano, a União Africana e a UNESCO pela realização do Fórum Pan-Africano para a cultura da paz, salientando que o evento ao promover diálogo entre gerações e intercâmbio cultural entre os países africanos proporcionará um contributo ao objectivo comum de identificação de vias e meios para a prevenção e resolução de conflitos.