A “maioria das doações” de vacinas anti-covid doadas a África “têm sido ‘ad hoc’, fornecidas com pouca antecedência e com uma vida útil curta”, afirmou um conjunto de importantes organizações de saúde pública do continente.
“Isto tornou extremamente difícil para os países planear campanhas de vacinação e aumentar a capacidade de absorção”, acrescentam num comunicado conjunto o African Vaccine Acquisition Trust (AVAT), os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças, reunidos no Africa CDC, e a COVAX — o mecanismo internacional, criado pela Aliança para as Vacinas (Gavi) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para permitir a 92 países e territórios desfavorecidos receberem gratuitamente vacinas financiadas por países ricos.
Até à data, mais de 90 milhões de doses doadas foram entregues ao continente através da COVAX e AVAT, número que não inclui as vacinas recebidas em resultado de acordos bilaterais.
Para alcançar taxas de cobertura mais elevadas em todo o continente, e para que as doações sejam uma fonte de abastecimento complementar ao abastecimento através de compras, “esta tendência tem de mudar”, dizem as organizações cossignatárias.
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“Os países precisam de um abastecimento previsível e fiável. Ter de planear a curto prazo e assegurar a absorção de doses com vida útil curta aumenta exponencialmente a carga logística sobre os sistemas de saúde que já se encontram sobrecarregados”, alerta do comunicado.
“Além disso, o fornecimento ‘ad hoc’ como o que decorre utiliza capacidades – recursos humanos, infraestruturas, cadeias de frio – que poderiam ser direcionadas para uma implementação bem sucedida e sustentável a longo prazo”, acrescenta o texto.
A circunstância de chegarem ao continente doses com prazos de validade já curtos “pode ter repercussões a longo prazo na confiança nas vacinas”, sublinham ainda as organizações.
As doações para COVAX, AVAT e países africanos “devem ser feitas de forma a permitir que os países mobilizem eficazmente os recursos internos em apoio à implementação e permitir o planeamento a longo prazo para aumentar as taxas de cobertura”, pelo que apelam à comunidade internacional, em particular aos países doadores e fabricantes, para que se “comprometam com este esforço”.
Previsibilidade, estabelecimento de objetivos, prazos de validade das vacinas adequados — com um “mínimo de 10 semanas” -,avisos prévios de “não menos de quatro semanas”, tempos de resposta e fornecimento, a par das vacinas, de todos os acessórios essenciais para assegurar a sua rápida absorção, como seringas, são recomendações feitas aos doadores e fabricantes.