A polícia mobilizou 800 agentes para assegurar o velório, cortejo e funeral do kudurista “Nagrelha”, que morreu na sexta-feira e será sepultado na terça-feira no Cemitério da Santa Ana, encerrado nesse dia por motivos de segurança.
Gelson Caio Manuel Mendes, mais conhecido como “Nagrelha”, o mais célebre cantor do estilo musical kuduro, morreu aos 36 anos em Luanda devido a um cancro no pulmão, segundo o Complexo Hospitalar de Doenças Cardiovasculares D. Alexandre do Nascimento, onde se encontrava internado.
O funeral está marcado para terça-feira, no Cemitério da Santa Ana, em Luanda, e será antecedido por momentos de homenagens públicas, no Estádio da Cidadela, informou hoje o vice-governador provincial para o setor Político e Social, Manuel Gonçalves, em conferência de imprensa, citado pela agência angolana de notícias, ANGOP.
O corpo seguirá num cortejo a partir do município do Sambizanga, bairro onde o artista vivia e se notabilizou no grupo Os Lambas, celebrizando-se como o “Estado Maior” do kuduro.
Manuel Gonçalves apelou a todos os cidadãos e aos kuduristas, em particular, para que mantenham a serenidade, a fim de manter a ordem pública e evitar distúrbios.
Por motivos de segurança, o cemitério vai estar encerrado na terça-feira, estando exclusivamente reservado ao funeral de “Nagrelha”.
O superintendente-chefe Lázaro Conceição, do Comando Provincial da Polícia de Luanda, adiantou que estão mobilizados mais de 800 efetivos para assegurar o velório, o cortejo e o momento do funeral, e pediu aos cidadãos que queiram participar nas cerimónias fúnebres no Estádio da Cidadela que não vão de carro, já que a entrada de viaturas estará condicionada.
Segundo Lázaro Conceição, na terça-feira a Avenida Deolinda Rodrigues estará fechada, sendo que os automobilistas poderão utilizar as vias do Palanca e Terra-Nova.
O porta-voz das famílias, “Ti Perigo”, esclareceu, por seu turno, que não há conflitos entre os familiares de Nagrelha e a viúva, como se tem especulado nas redes sociais.
O Secretariado do Bureau Político do MPLA, partido em cujos comícios o artista participava com regularidade, deixou uma mensagem de condolências, elogiando a forma ímpar e inigualável de ser e estar de “Nagrelha”, que inspirou e mobilizou muitos artistas a aderirem ao estilo kuduro.
Para o MPLA, o músico notabilizou-se como um dos mais carismáticos integrantes do grupo musical Os Lambas, responsável pela introdução de um novo paradigma no estilo musical kuduro, marcado por composições com apreciável rima e elevada capacidade criativa, que catapultaram o grupo ao patamar dos melhores no estilo em referência.
Também o grupo parlamentar da UNITA, principal partido da oposição angolana, endereçou votos de pesar à família, amigos, fãs e ao Ministério da Cultura, considerando “Nagrelha” como um ícone da música popular, especialmente da juventude angolana.
“Falar da morte de ‘Nagrelha’ é falar de uma dor que trespassa os corações de milhares de angolanos jovens e adultos amantes do kuduro”, refere num comunicado.
“Carismático, criativo e excêntrico, filho do povo e um dos símbolos da juventude que não se resigna ante as dificuldades sociais e económicas, ‘Nagrelha’ deixa um grande reportório musical que o imortaliza e mantém presente na memória cultural de Angola”, salientou a UNITA.